1. |
Sangram os Dias
03:20
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Não te conhecia e já te detestava
De cabeça ferida mas erguida
Declarei guerra aberta ao que te atava
Escuta bem o que direi de seguida
Isto mói mas ainda não mata
Ficarias belo até ao osso
Se em vez dessa gravata
Usasses o laço da forca ao pescoço
Sangram os dias
Estou azedo
Sangram os dias
Sinto-me azedo
És o mágico da minha lamúria
Transformaste a motivação em fúria
O braço pode estar torcido
Mas eu não o dou a torcer
Não quero ser livre, quero ser lido
Terás de esforçar para entender
Quis fazer da guitarra uma pistola
Livrei-me das malhas do negócio
Sem pedir favores nem esmola
Sendo professor, doutorado em ócio
Sangram os dias
Estou azedo
Sangram os dias
Sinto-me azedo
És o mágico da minha lamúria
Transformaste a motivação em fúria
Apaga e rebobina
Deixa a prosódia e atina
Deixa de morcegar
E põe-te a trabalhar
Deixa a ferida aberta
Que só a raiva desperta
Nunca vais entender a solidão que carrego nas minhas gargalhadas
Sangram os dias
Estou azedo
Sangram os dias
Sinto-me azedo
És o mágico da minha lamúria
Transformaste a motivação em fúria
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2. |
Cala-te e Sangra
02:38
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Quando me rasgaste o coração eu fiz um transplante
Cala-te e sangra
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3. |
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Eu penso, eu acho, eu sei
Que as estradas que nos guiam
Não vão a lugar algum
Eu penso, eu acho, eu sei
Que os rios em que nadamos
Não desaguam no mar
Eu penso, eu acho, eu sei
Que o desconhecido é apelativo
Mas a saudade é traidora
Eu penso, eu acho, eu sei
Eu penso, eu acho, eu sei
Eu penso, eu acho, eu sei
Eu penso, eu acho, eu sei
Que quando estamos no escuro
É quando vemos melhor
Eu penso, eu acho, eu sei
Que tudo o que é brilhante
Deixa-nos ofuscados
Eu penso, eu acho, eu sei
Que o desconhecido é apelativo
Mas a saudade é traidora
Eu penso, eu acho, eu sei
Eu penso, eu acho, eu sei
Eu penso, eu acho, eu sei
Eu penso, eu acho, eu sei
Que a ignorância é um mar
Em que me afundo, por vezes
Eu penso, eu acho, eu sei,
Que a sabedoria é uma boia
Que nem sempre chega a tempo
Eu penso, eu acho, eu sei
Que o desconhecido é apelativo
Mas a saudade é traidora
Eu penso, eu acho, eu sei
Eu penso, eu acho, eu sei
Eu penso, eu acho, eu sei
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4. |
Equilibrismo
04:12
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Se o destino está traçado
o meu traço está torto
se a vida é um equilíbrio
a minha é um equilibrismo
parece que o divino lança o dado
e faz de morto
parecemos malabares
neste estranho malabarismo
Olá! O meu nome é Carlos, estudei para ser jurista
sou caixa de supermercado
enquanto me passam os produtos pela vista
os meus sonhos vão-me passando ao lado
Olá! O meu nome é Ana, sempre quis ser atriz
mas sirvo em cafés toda a semana
tenho a renda para pagar, o puto que o pai não quis
o patrão que me quer levar para a cama
Se o destino está traçado
o meu traço está torto
se a vida é um equilíbrio
a minha é um equilibrismo
parece que o divino lança o dado
e faz de morto
parecemos malabares
neste estranho malabarismo
A minha mãe vai à missa e reza por mim
o meu pai diz: “foge deste país”
fugia se a mãe solteira me dissesse que sim
provavelmente nunca reparou neste infeliz
O meu miúdo vai à escola todo aprumado
gastei tanto em manuais, não comprei nada para mim
queria seduzir o rapaz do supermercado
mas uma mulher não se pode apresentar assim
Se o destino está traçado
o meu traço está torto
se a vida é um equilíbrio
a minha é um equilibrismo
parece que o divino lança o dado
e faz de morto
parecemos malabares
neste estranho malabarismo
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5. |
Valsa dos Tristes
03:51
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O sol esconde-se
Toca o mar e a cidade
Há homens com altos voos
O tempo passa
Enfia teus pés na terra
E começa a observar
À tua volta
A rotina de uma vida
Não será com armas
Que irás matar o tempo
O sol esconde-se
Toca o mar e a cidade
O cancro da cidade
Fez-nos esquecer
Tudo o que é belo
E merece acontecer
A cruz que carregas
Põe-te de costas voltadas
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6. |
Bate a Porta
04:39
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Bate a porta
A mãe chegou
E o menino foge para o quarto
Com os brinquedos desarrumados
Abre a porta
A mãe olhou
E o menino chora no quarto
Com o medo do resultado
A mãe puxa o cinto
E bate, bate, sem parar
Sem parar
O mundo é uma luta cósmica
Entre a fé e o acaso
O medo lança a discórdia
Entre o sucesso e o fracasso
E o menino sonha com o dia
Em que bate a porta
Bate a porta
O pai chegou
E o menino não o abraça
Com dores não levanta os braços
Abre a porta
Ouve os passos
Sapato alto, salto de desprezo
O pai nem imagina o medo
A mãe puxa o cinto
E bate, bate, sem parar
Sem parar
O mundo é uma luta cósmica
Entre a fé e o acaso
O medo lança a discórdia
Entre o sucesso e o fracasso
E o menino sonha com o dia
Em que bate a porta
Bate a porta
Violentamente
E o menino já é rapaz
Já não tem medo de toda a gente
Abre a porta
Mira a rua
E o rapaz já é um homem
Dá dois passos sempre em frente
Enche o peito feito de ar e bate a porta
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7. |
Golpes Fundos
04:06
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Se esperas que alguém te toque
E as mãos que te rodeiam
Picam como agulhas
Se esperas que algém te fale
E das bocas que te rodeiam
Só sai cuspo
Espera que o sol brilhe
Não deixes que ele te queime
E se tudo isto dói e faz ferida
São só golpes numa alma perdida
São golpes fundos
Se queres alguém na tua cama
E ao invés dormes
Num poço de lama
Se queres um terno abraço
E ao invés te estrangulam
No teu regaço
Espera o amanhecer
Não te deixes adormecer
E se tudo isto te deixa cego
São só golpes no teu grande ego
São golpes fundos
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8. |
Sexta-Feira
02:54
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Sexta-feira é o dia de todos os eventos
Como foi o dia da expulsão de Adão do Paraíso
Sexta-feira é o dia de todos os enforcamentos
Como foi o dia da crucifixação de Jesus Cristo
Ressurreição dos mortos
Em julgamento final
Sexta-feira é o dia tal
Segunda, terça, quarta, quinta, sexta-feira
Benção esperada a semana inteira
Sexta-feira é o dia que todos conhecem
Como foi o dia de jejum na quaresma
Sexta-feira é o dia que todos esquecem
Como foi o nome do amigo do Crusoe
Rui Reininho em bebedeira
Grande noite em Albufeira
Tudo à sexta-feira
Segunda, terça, quarta, quinta, sexta-feira
Benção esperada a semana inteira
Robert Smith apaixonado
Boss AC desempregado
Fim de noite agitado
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9. |
Gisela
03:57
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Franzina Gisela
Com cores de aguarela
Enquanto fazes as unhas
Que não te estale o verniz
Escrevo e falo de alegria
Hás-de entender um dia
De peito aberto
O meu fado não está certo
Na guitarra do teu braço
A tua voz quente é o meu aperto
De emoção e embaraço
No teu bordar com linhas de vida
O alto preço da paixão por ti comida
Do lounge se faz longe
Dos morangos se faz doce
Escrevo e falo de alegria
Hás-de entender um dia
De peito aberto
O meu fado não está certo
Na guitarra do teu braço
A tua voz quente é o meu aperto
De emoção e embaraço
E da tua terra
De onde brotaste do chão
Já não cantam galos
Canta um trovão
De peito aberto
O meu fado não está certo
Na guitarra do teu braço
A tua voz quente é o meu aperto
De emoção e embaraço
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10. |
Declaração de Guerra
05:02
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Eu tinha dito que a acompanharia na caminhada
Ela escreveu que já não havia qualquer caminho
Eu tinha dito que não queria perder o chão
Ela escreveu que iria planar até ao sonho
Quando ainda me deixava escalar dentro dela
E todos os anjos cantavam com seu arfar
Quando ainda não havia qualquer mazela
Havia Cohen e Halleluiah sempre a pairar
Depois deixámos a ribeira
Partimos os dois
Viagem derradeira
Quando ela escreveu a história aqui encerra
Eu só pude ler declaração de guerra
Falei-lhe em dançar como índios em tendinhas
Ela escreveu que não conseguia acertar o passo
Tentei pôr-lhe o anel num dedo partido
Ela deu-me o seu punho cerrado
Quando ainda me deixava escalar dentro dela
E todos os anjos cantavam com seu arfar
Quando ainda não havia qualquer mazela
Havia Cohen e Halleluiah sempre a pairar
Depois deixámos a ribeira
Partimos os dois
Viagem derradeira
Quando ela escreveu a história aqui encerra
Eu só pude ler declaração de guerra
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José Camilo Sintra, Portugal
"José Camilo mostra-nos, com palavras e canções, as imagens dos subúrbios que foi fotografando na sua mente. Esta é uma
viagem de histórias, emoções e percepções, todas elas de mãos dadas com o rock." Bruno Martins, jornalista no Metro
Contactos: josecamilo11@hotmail.com
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