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Subterr​â​neo

by José Camilo

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1.
Piruetas de Glória Saíste naquele dia soalheiro Pronto p’ra conquistar o mundo inteiro Mas depois tiveste de pagar IRS, internet e a carne p’ra jantar Não tens tempo p’ra ser herói É mais fácil ter sonhos quando a carteira não dói A arte dos cautelosos Mas a arte não é para medrosos Piruetas de Glória Um dia vou ser gigante Reescrever a história Ser um rei extravagante Caminhar no sucesso Recompensa do suor Vou virar-me do Avesso E mostrar o meu melhor Chegaste naquele dia de fevereiro Sem paciência nem dinheiro Mais um crime na televisão Mais gente morta, mais armas na mão É uma bomba relógio Tic-tic-tic bum, tic-tic-tic bum Passaste os olhos pelas redes sociais Tudo opina sobre coisas triviais Piruetas de Glória Um dia vou ser gigante Reescrever a história Ser um rei extravagante Caminhar no sucesso Recompensa do suor Vou virar-me do Avesso E mostrar o meu melhor
2.
Não há alternativa No dia em que acabaste o liceu Disseram-te não pares, o futuro é teu Estudaste todos os clássicos Aprendeste línguas, não ficaste pelo básico No dia em que começaste a trabalhar Acreditaste que só podia melhorar Pagaste os impostos sempre a tempo Não te perdeste nem por um momento Era o esforço que te fazia honrado Não havia tempo para estar saturado Qualquer dia alguém iria reparar O aumento deve estar a chegar O teu pai pagou-te estudos e pão Acabaste a faculdade com distinção Deixou-te preparado para seres o que ele não ousou Vais ser grande, isto ainda agora começou Não há alternativa À história já antes vivida Não há qualquer saída Da escória desfavorecida No dia em que decidiste casar Pensaste: “vou viver, vou disfrutar” Mas chegou um mail do patrão Tinhas sido dispensado da tua função Fizeste tudo certo e era esta a recompensa Uma mensagem com a tua dispensa Eram os cortes necessários Ficam os primos do patrão, saem os otários Ficaram os meninos dos colégios privados Saíram os que cresceram com ténis rasgados Tu não tens lugar, mas não fiques chateado Tiveste sempre de lutar, já estás habituado Vieste da classe baixa e para ela vais voltar Não há espaço para todos e eles têm de lá estar Já sabem, têm de ser os mesmos a reinar A meritocracia nunca vai funcionar Não há alternativa À história já antes vivida Não há qualquer saída Da escória desfavorecida
3.
Até tenho amigos que são Tens a atitude de quem se dá ao luxo Mas, na verdade, devias dar-te ao lixo Podes até pensar que sou bruxo Por adivinhar movimentos do bicho Será que ter coisa nenhuma É melhor do que ter quase nada? Ao querer saber ficaste pela espuma Ao querer sair atiraste a granada Não é por ser privilegiado Que só sei olhar de cima Apenas tenho o discurso afiado Para acabar com a tua autoestima Nada contra humanos Até tenho amigos que são Estragaste todos os planos Por não saber o que tens na mão Quem não pode não promete Quem nunca soube não esquece Por isso corta com canivete A memória que apodrece Sou mestre da rima no papel Pensas ser general da tua guerrilha Nem sequer és soldado ou furriel Não pões ordem na tua matilha Fazes-me passar do miar ao rugido Quando sinto a picada de abelha Quando me vens falar ao ouvido É para me morder a orelha Desconfiei do teu armistício Prefiro ver a bandeira branca Agora queres um bailado fictício Não me convences a abanar a anca Nada contra humanos Até tenho amigos que são Estragaste todos os planos Por não saber o que tens na mão Quem não pode não promete Quem nunca soube não esquece Por isso corta com canivete A memória que apodrece
4.
O Rio 03:37
O Rio Faz lá outro café Para eu beber esta conversa Fala lá mais uma hora Para eu fazer o vice-versa Queimar palavras como cigarros Enquanto o tempo passa Tens flores, mas não tens jarros Partes a mordaça Agora que gelas o rio O barco não pode passar Quebrarei o gelo frio Para poder nadar Faz lá outra moldura Para eu guardar o momento Mata lá a criatura Do castelo do desapontamento Melancolia em estado triste A pensar na fantasia Paixões sempre em riste Talvez em demasia Agora que gelas o rio O barco não pode passar Quebrarei o gelo frio Para poder nadar
5.
A Besta 04:08
A Besta No diâmetro do buraco do teu mundo Tens espaço para a vaidade Puxas um cigarro daquele maço do fundo E com ele vem ansiedade Vês a besta que está no teu interior E que te vai desfazendo Se alguém te vê, pouco a pouco, a decompor Reinventas a verdade tremendo Devias admitir a situação Devias admitir a situação Devias admitir a situação Pelo menos numa canção Não te entendes com a mulher que finges não amar Queres ter um futuro ao seu lado Mas tem medo do futuro um dia acabar E ver o tempo a passar ao lado E por dentro volta a besta para afastar o mundo Vives na maior reclusão E tentas batalhar de segundo em segundo Para controlar a respiração Devias admitir a situação Devias admitir a situação Devias admitir a situação Pelo menos numa canção E se alguém te quiser amar Vai ter de aceitar Que quando a besta vem Não há espaço para mais ninguém Devias admitir a situação Devias admitir a situação Devias admitir a situação Pelo menos numa … Pelo menos numa… Pelo menos nesta canção
6.
Filho único 03:24
Filho Único O filho único não percebe a pista Não tem gatilho para começar Para reparar noutros falta-lhe vista Não sabe dividir para multiplicar Desconhece de onde vem o soco Ou a rajada de ar que o empurra Poderia desconstruir-se em louco Ou até cair com a surra Mãe, consigo sentir os anos a fugirem-me das mãos Desencantado, mal-humorado O futuro esboroa-se nos seus pés Alguém o devolva ao ventre Quer começar isto oura vez No desbotar de imagens Só está presente quando está vazio O filho único encheu-se de miragens Mas caiu em terreno baldio Mãe, consigo sentir os anos a fugirem-me das mãos
7.
Amor a Tiros 03:25
Amor a tiros Começa no silêncio onde havia cumplicidade A mão deixou a carícia para o empurrão Ele diz que faz a sua vontade Ela responde que o esforço é em vão Atira o prato Rasga o vestido Pisa o gato Grita ao ouvido Ele quer recuperar a alegria das fotografias Ela começa com as habituais coreografias É uma fase vai passar, diz ele com a cabeça partida Ela promete: “É a última vez”, diz estar arrependida Voam talheres na cozinha já sem sabores Agora é campo de uma batalha caseira Já se foram os dias de flores Estão perdidos nos espinhos da roseira Grita, arranha Amor a tiros Cai, apanha Mais suspiros Ele quer recuperar a alegria das fotografias Ela começa com as habituais coreografias É uma fase vai passar, diz ele com a cabeça partida Ela promete: “É a última vez”, diz estar arrependida
8.
Calculista 02:37
Calculista Vai para a guerra como quem faz um filho Vem da terra e carrega no gatilho Repete o cenário fingindo a cadência Destino arbitrário mentindo com prudência Finge que a mudez não está lá Deixa a lucidez como está Naquele trejeito bem pensado Sabe que não tem jeito, coitado Lambem-lhe as costas Dão-lhe um murro na cara Nem jogos nem apostas A ser duro a ferida não sara Atiram-lhe com distância Não se ganha com relutância Punhos imaginários do protagonista Deixam sulcos doutrinários no contorcionista Palavras caladas que escreves em papéis Pequenas pinceladas sem usar pincéis Mergulha na mágoa das letras que mordem Recorda a água que o inscreveu na ordem Teme a feroz melancolia do feitio Rende-se à veloz melodia de arreio Lambem-lhe as costas Dão-lhe um murro na cara Nem jogos nem apostas A ser duro a ferida não sara Atiram-lhe com distância Não se ganha com relutância
9.
Que vais fazer? Que vais fazer quando o céu te cair? Que vais fazer quando o mundo te trair? O mundo gira ao contrário todos os dias E tu queres ser o jovem que fugia Que vais fazer quando o chão se mexer? Que vais fazer se não de medo morrer? Os cristais já partiram nos teus dedos Não sentiste o choque dos torpedos Lembras-te de te esquecer Que estás cheio de recordações Mas quando encontrares a tua casa Que vais fazer? Que vais fazer quando te deitares em barro? Que vais fazer quando te acharem bizarro? Partiste a espinha quando te levantavas Ninguém te deu a mão que precisavas Que vais fazer quando te mirarem? Que vais fazer quando te caçarem? A estrada tortuosa está adiante Mas não tens mão no volante Lembras-te de te esquecer Que estás cheio de recordações Mas quando encontrares a tua casa Que vais fazer?
10.
Mudemos as Regras O cantor cantava sobre Paris Nós falávamos nos camarins Ela dizia “lembro-me de ti” Eu fingia não ser bem assim Mas lembro-me bem da esplanada e do bar Da poesia e do Rimbaud imitar Lembro-me bem do meu ar vadio De não haver faísca para o meu pavio Eu plantaria a rosa se os espinhos não crescessem Eu escreveria a prosa se as mãos não me doessem Mas mudemos as regras Porque não sei se te entregas Não queria jogar, não queria arriscar Desisti por não querer falhar Pensei nos cortes nas minhas mãos Nas pisadas nos pés de tanto turbilhão De mãos agarradas há quem acredite Que derrubamos o mundo inteiro Não me agarres a mão porque tenho a medo Que, desta vez, a largues primeiro Eu plantaria a rosa se os espinhos não crescessem Eu escreveria a prosa se as mãos não me doessem Mas mudemos as regras Porque não sei se te entregas

credits

released November 15, 2019

José Camilo – Escrita das letras, composição das músicas, vozes, guitarra eléctrica, guitarra acústica e direcção musical.
Cúmplices:
Fernando Matias – Baixo
Luís Pereira - Guitarra eléctrica
Cláudia Correia – Teclas e melódica
Pedro Costa Serralheiro – Bateria
Pedro Sousa – Violoncelo
Saul Falcão - Violino

Gravado, captado, misturado, produzido e masterizado por Fernando Matias no Pentagon Studios.
Fotografias: Martim Torres
Trabalho gráfico: Silas Ferreira

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about

José Camilo Sintra, Portugal

"José Camilo mostra-nos, com palavras e canções, as imagens dos subúrbios que foi fotografando na sua mente. Esta é uma viagem de histórias, emoções e percepções, todas elas de mãos dadas com o rock." Bruno Martins, jornalista no Metro

Contactos: josecamilo11@hotmail.com
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